Meu Timão

Faltavam alguns meses para o dia 23/05/2012. Eu, desempregado, casado, morando em uma cidade de MG (sou paulista), resolvi dividir a internet com uma vizinha. (Mais de 70 MTS de distância) Comprei a fiação e contratei um instalador. Não sei porque, mas alguma coisa me dizia que seria um ano importante para o Corinthians, logo, eu não poderia perder nada.

Sem intimidade alguma com tecnologia, havia lido em algum lugar que existia canais por streaming e que a internet me ajudaria a ver futebol ao vivo. Porém, na minha inocência e ânsia por ver o meu Corinthians, não chequei que a internet deveria ter uma velocidade razoável, e aque eu compartilhava com a vizinha era de 200 mbs rsrsrsrsrs.

Todos os jogos do paulista e da Libertadores que eu só teria a internet do meu computador, (montado na santa Efigênia em SP, com muito esforço antes da mudança), seria com muito sofrimento e travamentos inimagináveis para os impacientes.

Chegava o grande dia. 23/05/2012, a rede globo de minas, não transmitiria a partida entre Corinthians x Vasco no Pacaembú. Em minas, seria transmitido um jogo do Cruzeiro (que não me lembro contra quem). Aquele fatídico dia foi arrastado, as horas não passavam, o dia era eterno, até a hora do jogo. O que me confortava era a comunidade de corinthiano que tínhamos no Orkut. Por lá, eu ficava por dentro de como estava minha cidade natal, preparada para o grande jogo. Mesmo longe, sabia que aquele dia, a cidade de SP estava parada, respirando o ar tenso do jogo que aconteceria em breve. Coloquei minha camisa dos gaviões, e fiz uma bandana da camisa do Corinthians com o logotipo da Samsung, a mesma camisa que viu o Corinthians cair, iria ver a glória de um jogo épico.

Começa o jogo, as 21:45, tenso, como se esperava. A pacata cidade mineira calma, como uma noite qualquer, vários vizinhos dormindo, outros vendo tvs no aconchego de seus lares. Um silêncio absurdo.

Para não incomodar a companheira que se retirará para dormir, abaixei o volume do computador a uma altura quase inaudível, pois a casa havia apenas dois cômodos e assim como a cama, o computador ficava no quarto. Ainda para não atrapalhar, virei o computador para a parede a fim de inibir um pouco a claridade que afetava o sono de minha companheira.

O jogo me perturbava de uma forma que eu tremia, dava socos na perna a cada erro, a cada ataque mal sucedido, a cada ataque sofrido. A companheira já incomodada, reclamava...

Passou o primeiro tempo, lembro que me levantei, fui até a área que ficava em um lugar alto, onde contemplava as casas da vizinhança, para tomar um ar. Como foi gostoso sentir aquela brisa, parecia estar sufocado, engasgado, completamente sem ar!

Começa o segundo tempo. O meu nervosismo se intensificação pelos constantes travamentos do computador. Eu xingava, dava socos de leve, mas nada adiantava. Até que chega o histórico lance.

Estava numa expectativa de um ataque, o jogo se encaminhava para seu terço final. Recordo-me com nitidez. Após uma bola rebatida na área do Vasco o Alessandro fica com a sobra e enfia o pé na bola (até hoje, não sei o que ele quis fazer). A bola encontra com o corpo do Diego Sousa que parte do seu campo de defesa sozinho ao encontro do gol e a provável classificação do Vasco e consequentemente eliminação do meu Corinthians. Juro, não foram segundos. Foram intermináveis minutos aquela corrida para a desgraça do time que tanto amo. Diego já havia passado do meio campo, eu tremia demais, e comecei um choro que estava engasgado durante todo o segundo tempo. Quando no frame já aparecia a figura do gigante, neste instante a internet simplesmente travou. Nada funcionava, ficou um silêncio ensurdecedor, uma escuridão que agredia aos olhos. Neste instante, me lembro que a minha ansiedade por ver o que havia acontecido no lance, havia se esvairida, só sobrará o desespero. Caí em um choro compulsivo, de soluçar. Foram intermináveis minutos, até que volta a imagem com o som. O Pacaembú pulsava, ouvia os gritos da torcida e o Cléber machado gritando, narrando o milagre do GIGANTE. Os replays passavam constantemente antes de meu sinal da internet voltar, só consegui pegar o último. Naquele dia, acreditei em milagres. Avistei um cavaleiro imbatível com seu cavalo para desferir o golpe final e acabar com uma nação inteira, contudo, havia um anjo protegendo essa nação. Ele tinha 1.96 de altura, mas naquele lance, ele parecia do tamanho do coração Corinthiano, um tamanho incalculável. Minutos após, saí o gol que me fez ajoelhar e soluçar debruçado ao chão gelado, ouvindo resmungos censura dores de minha companheira que se assustara com a cena.

A saga do gigante angelical começava ali, e se estenderá por mais 12 anos.

Obrigado gigante, obrigado Cássio, obrigado anjo da guarde de uma nação de pretos brancos, amarelos e pardos. A fiel sempre te amará!