Em minha última postagem tentei forjar um conceito que explica como aqueles que torcem contra o Corinthians procuram justificar suas frustrações com interferências da arbitragem que, muitas vezes, são inventadas.
Obviamente que não sou tolo o suficiente para achar que nunca, em nenhum jogo o Corinthians tenha sido beneficiado por um erro da equipe de árbitros, nem tão pouco desconsidero que no futebol existem vários esquemas de manipulação de resultados e dos mais variados - vejam que estes esquemas estão presentes mesmo em esportes mais “civilizados” como o tênis, por exemplo.
Entretanto, dizer que somente o Corinthians é beneficiado e/ou que o Corinthians só ganha roubado é uma outra história. Verdadeira canalhice produzida pelos antis que tem como objetivo diminuir as glórias do Timão, dar ao nosso adversário o status de campeão moral, relativizar uma conquista nossa. O fato é: eles nunca aceitam.
Em um campeonato de pontos corridos esta teoria fica ainda mais insustentável, pois em trinta e oito rodadas tudo pode acontecer, os erros se sucedem e mudam de lado e ao final do campeonato um equilibra o outro. Vamos tomar por exemplo a campanha brilhante do brasileiro de 2017, onde a equipe comandada por Carille conseguiu o feito de se manter invicta por um turno inteiro. Uma campanha formidável, que foi questionada por um erro de arbitragem que, na minha opinião era bastante difícil de se identificar. O gol de mão de Jô contra o Vasco trouxe à tona o debate sobre a moral do futebol, o camisa 7 teve sua índole posta em xeque, e a CBF anunciou de forma precipitada a adoção do VAR, medida que não conseguiu sustentar posteriormente.
Chamo atenção não para o erro, mas para a comoção. Lembro que no mesmo campeonato o Corinthians não teve anotados dois gols mal anulados em impedimentos que eram fáceis de se marcar. Um contra o Coritiba em que o atacante sai de trás (muito de trás) da linha da bola e outro contra o Flamengo com uma distância ainda mais assombrosa a favor da validade do gol. Se nestes casos nenhuma matéria foi feita sobre a idoneidade do futebol, sobre a moral dos envolvidos, então caros corintianos não posso chamar essa postura da imprensa e dos anti corintianos de outra coisa que não hipocrisia. Porque nesse contexto, num lance muito mais fácil de se resolver com o apoio externo, não se cogitou o uso do vídeo? A resposta todos nós sabemos, é por que a questão não está no erro e sim no Corinthians.
Portanto, o VAR implantado de nada vai adiantar, pois o Corinthians vai permanecer em campo, e em novos lances polêmicos basta brigar com a imagem e argumentar que o Corinthians comprou também o operador do vídeo. Se as imagens forem cedidas pela Globo então, nossa! A teoria da conspiração está completa.
Vamos nos lembrar também que em vários campeonatos em que foram testadas tecnologias de auxílio à arbitragem o erro não desapareceu.
Mas esses fatos mostram somente a hipocrisia no tratamento dos erros, segundo a qual erro a favor do Corinthians é roubo e erro contra o Corinthians é somente erro (quando não, justiça). Existe ainda algo mais complexo, que é ver o erro quando ele não existe ou questionar atitudes corretas do juiz. Em 2016 no confronto pela Copa do Brasil na Arena Corinthians, Levir Culpi questionou o árbitro por anular (corretamente) três gols impedidos do Fluminense. Para o ex-treinador tricolor o juiz deveria errar pelo menos uma. Na semifinal do Paulista 2018 os são paulinos questionaram o gol nos acréscimos do Corinthians e o tempo adicional de 5 minutos em um jogo em que só o Nenê retardou a bola mais do que isso. Sem contar que o gol foi marcado aos 47 minutos e não aos 50. Esta é a lógica da febre de apito, querer ver os lances capitais definidos pela arbitragem como única explicação plausível. Ainda no Brasileiro 2017 jogadores palmeirenses chegaram mesmo a pedir a expulsão injusta de um jogador do Corinthians por uma confusão do bandeirinha (pedir que o jogador do Corinthians seja expulso é algo que tem se tornado uma tradição para eles).
Naqueles debates de bar, nós que pedimos coerência dos adversários temos nos deparado com um exagero destes argumentos hipócritas, e isso se deve entre outros fatores, à forma como eles compilam os erros que nos favorecem. Os campeonatos são classificados pelos erros em favor do Corinthians (os existentes e os forjados) e essa repetição faz com que estes erros nunca sejam esquecidos, e lhes dão a sensação de acúmulo. Mas nós por outro lado não fazemos cavalo de batalha dizendo que o Palmeiras venceu o Internacional com lance duvidoso, que o São Paulo venceu o botafogo com lance duvidoso e isso só para ficar nas últimas rodadas.
Então eu pergunto, estamos errados em não destacar esses lances? Não! Não estamos nada errados. Se entrarmos nessa pilha nos tornaremos como eles, chorões! Devemos compreender e analisar friamente estes lances, entender como a mente do anti opera, mas nunca a imitar. O imponderável no futebol acontece, e se perder nestes detalhes e nessas conspirações nos faz ficar preso ao passado mal resolvido. Veja que para um certo time da barra funda o Brasileiro há pouco começou, estão apegados ao Paulista, onde não aceitam a acertada anulação de um pênalti. Nossa torcida no Pacaembu aplaudiu o time após um assalto (comprovado via escuta em telefonema de cartolas argentinos) e não saiu depredando patrimônio público no caminho. Mas, ser coerente com os fatos do futebol não nos limita a aceitar a difamação que vem dos antis, eles acham muito divertido colocar em suspeição nossas conquistas, mas todos hão de concordar que é muito mais divertido comemorar os nossos títulos enquanto eles choram. Vai Corinthians!