De Sylvinho a Luxemburgo: os erros de Duilio ao montar elencos e escolher técnicos no Corinthians
Análise de Victor Godoy
4.5 mil visualizações 61 comentários Comunicar erro
O Corinthians não vive grande fase dentro de campo. Não é de hoje. Desde antes de Duilio assumir a presidência o Timão passa por essa crise futebolística. Fazendo parte do processo - afinal, é o presidente - ele também tem sua culpa nisso, assim como sua equipe de diretores. O principal problema se dá pelo impasse entre o elenco montado e os técnicos escolhidos para gerir a equipe.
Na gestão do atual mandatário existem dois plantéis base: o pré e pós contratações de 2021 (Renato Augusto, Giuliano, Róger Guedes e cia). O elenco base do Corinthians se moldou em cima desses reforços, que rendem melhor atuando de forma apoiada. Os técnicos que guiaram essas equipes, porém, preferem times mais reativos e isso exige atletas de força, que atualmente são minoria no elenco. Isso vai desde Sylvinho, que foi o primeiro a comandar esses novos jogadores, até Luxemburgo.
Antes...
Antes de entrar na defesa de tese em si, vale diferenciar os dois tipos de jogadores:
- Jogadores de apoio: não se caracterizam tanto pelos atributos físicos. São jogadores mais “técnicos”, focando em outros aspectos do jogo, como passes e dribles curtos. Giuliano, Matheus Araújo e Róger Guedes se encaixam nesse quadro.
- Jogadores de força: há também qualidade técnica - não são profissionais à toa -, mas destacam-se mais pelos atributos físicos, como força, velocidade e vigor. Gustavo Silva, Romero e Roni são esses jogadores.
Ao montar um elenco, é necessário balancear os dois tipos de jogadores. Não de forma exata, necessariamente, mas o suficiente para sua equipe render. O Fluminense, por exemplo, tem um time bastante equilibrado nesse sentido.
Importante destacar o fator idade também. Conforme os atletas vão envelhecendo, eles tendem a perder vigor físico. Isso mostra a necessidade de saber montar seu plantel para manter esses jogadores em alto nível.
O último disclaimer é que não é um maniqueísmo de que um time joga de forma apoiada ou reativa. A mentalidade da equipe varia de cada adversário e situação de jogo. Por isso, é importante ter um elenco rico em opções.
Voltando
Ao montar um elenco em que os principais jogadores jogam de estilo apoiado, é necessário ir atrás de um treinador que seja mais adepto a esse estilo de jogo. Técnico e jogadores alinhados.
No Corinthians, porém, isso tem sido o contrário. Sylvinho, Vítor Pereira, Cuca e Luxemburgo preferem jogadores de força e privilegiam esses atletas, fazendo-os render mais, inclusive. É por esse motivo que Gustavo Silva rendeu tanto com Sylvinho e Vítor Pereira, enquanto Giuliano teve uma queda drástica de rendimento com Luxemburgo e Róger Guedes virou reserva com o português.
As chances que Luxemburgo têm dado a Wesley e Murillo são prova disso. O fato deles estarem correspondendo, também.
O ponto fora da curva foi Fernando Lázaro, que entendeu o elenco do Corinthians e impôs um estilo de jogo que privilegiasse isso. Assim, Fábio Santos, Giuliano, Renato Augusto e Róger Guedes conseguiram se destacar. Em contrapartida, Matheus Bidu não obteve tantas chances e Yuri Alberto também teve uma queda de rendimento.
No entanto, parece que internamente o Corinthians não identificou esse problema e seguem nessa linha. Matías Rojas, por exemplo, é jogador de apoio. Se a ideia é reforçar o time com atletas que se encaixem no estilo de Luxemburgo, é necessário fazer uma maior pesquisa no mercado.
A virada de chave no Parque São Jorge passa por Duilio e sua diretoria entenderem o elenco que têm nas mãos e o que eles exigem ou montar um plantel aos moldes do que o treinador quer. É necessário haver uma sincronia de ideias entre elenco e técnico.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Victor Godoy
- O torcedor precisa entender qual a briga do Corinthians na temporada
- O Parque São Jorge vai seguir existindo quando o Cássio deixar o Corinthians?
- As críticas quanto às substituições de António Oliveira no Corinthians não fazem sentido
- Por que o Corinthians contrata tanto para sua base?
- Corinthians precisa fazer esse ajuste tático para a sequência da temporada
- O melhor reforço do Corinthians nesta janela de transferências