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É hora de implementar o tão sonhado comprometimento
Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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É hora de implementar o tão sonhado comprometimento

Coluna da Beatriz Maineti

Opinião de Beatriz Maineti

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É hora de implementar o tão sonhado comprometimento

Maycon comemorando gol marcado

Foto: Danilo Fernandes / Meu Timão

O começo de temporada do Corinthians é catastrófico. Em 12 jogos da fase de grupos do Campeonato Paulista, o Corinthians perdeu seis, empatou um e venceu apenas quatro, com um jogo ainda a ser disputado, sendo cinco dessas partidas perdidas na mão do treinador que teve tempo para fazer uma pré-temporada, participou do planejamento do ano e ajudou a escolher os reforços que chegaram. Juntando tudo isso, o time ficou fora da fase de mata-mata do Paulistão mais uma vez.

Não coincidentemente, no século XXI, todas as vezes em que não participou das fases classificatórias do Estadual, o Corinthians esteve entregue ao mesmo treinador. Mas isso é papo para outra hora. A questão do Corinthians agora é: o que fazer com esse tempo todo sem jogos?

Primeiro de tudo, vamos colocar no papel: o clube vai jogar no próximo dia 14 contra o São Bernardo pela segunda fase da Copa do Brasil e, depois disso, só deve voltar aos gramados oficialmente em abril. A diretoria quer organizar amistosos para que a gana de vitórias dos jogadores não se esfrie, mas todo mundo sabe: treino jogo, jogo é guerra, e amistoso é amistoso.

Essa pausa no futebol corinthiano significa algo que, numa situação normal, o Timão não poderia oferecer ao seu treinador, que tem menos de um mês no cargo: uma pré-temporada. Há sete anos o Corinthians desperdiça esse precioso período de treinamento entre um ano e outro, já que não dá mais tempo ao profissional que organizou o time todo para a temporada seguinte e acaba por demiti-lo sem pudor. Consequentemente, o time fica uma bagunça.

António Oliveira foi apresentado dia 09 de fevereiro. Treinou o time por dois dias e foi direto para o seu primeiro jogo. Antes do apito inicial daquela partida, que terminou com vitória corinthiana contra a Portuguesa dentro da Neo Química Arena, o português ainda estava orientando seus jogadores sobre como queria que eles atuassem dentro de campo. Esta, talvez, tenha sido uma das situações mais loucas que eu já vi numa área técnica. Para António, aquela parecia ser mais uma oportunidade de treinar a sua nova equipe.

Deu certo, e vem funcionando desde então. Desde sua chegada, o Corinthians foi o time que mais pontuou no Paulistão e até sonhou com uma classificação, que não dependia apenas de nós, mas que poderia acontecer. A classificação não veio e isso é vergonhoso, mas não pelo novo trabalho; é vergonhoso pelo anterior. António tem potencial para melhorar este time e deu esperanças ao torcedor.

Agora, então, ele terá 30 dias para aperfeiçoar aquilo que vinha fazendo. Ele vai poder organizar melhor o time defensivamente para se defender das bolas paradas e vai poder arrumar o posicionamento dos seus atacantes para quando as jogadas forem levantadas na área de adversário do time; vai poder organizar o posicionamento defensivo do segundo volante, dar rotatividade e orientações para os garotos da base e montar o time que ele achar melhor, sem precisar correr contra o tempo para não se prejudicar mais.

Mais do que tempo, porém, esses 30 dias serão fundamentais para fortalecer aquilo que António quer de seus atletas: comprometimento. O treinador não fala em ganhar todas, mas em buscar o resultado a todo custo, em entrega e força dentro das quatro linhas. Essas características já foram vistas - e muito apreciadas, inclusive - pela torcida nos seus primeiros jogos como comandante do Timão, mas esse tempo pode ser importante para enraizar isso em quem for entrar em campo.

E esse comprometimento ganhou um exemplo gráfico, ao vivo e em cores, na última semana. Desde a última segunda-feira, o corinthiano vive mais um impasse em relação a um jogador: Maycon vai ou fica? O volante, que está emprestado ao Corinthians pelo Shaktar Donetsk, recebeu sondagens do Flamengo que teria, inclusive, feito uma proposta ao time ucraniano. Se isso acontecesse e a diretoria do clube que detém os direitos econômicos do atleta, o Corinthians só teria duas opções: cobrir a oferta dos cariocas ou preparar o post de despedida.

É verdade, também, que a decisão de Maycon tinha um peso nisso. E ele, apesar do interesse de um time que tem poderio financeiro e que tem brigado anualmente por todos os títulos que disputa, optou por ficar no Corinthians. Ele disse não, as negociações se encerraram e o volante titular de António Oliveira ficará no clube pelo menos até o final do ano, quando seu contrato de empréstimo com o Timão chegará ao fim. Aí a gente volta a discutir isso.

Só que a história do Maycon e a sua opção por permanecer deixam uma mensagem importante para o torcedor corinthiano: o comprometimento é real. O elenco hoje está fechado, focado em melhorar o que é necessário e em tentar fazer desta uma temporada melhor do que a anterior. Bom, para mim, pelo menos, a mensagem é essa.

Maycon pode não ser um primor de futebol nos últimos tempos. Eu, particularmente, fui uma das suas principais críticas, principalmente em 2023. Mas a sua atitude demonstra uma vontade de fazer mais do que ele fez até aqui em seu retorno ao clube e, mais do que isso, seu desejo de se reerguer com a camisa que o revelou para o futebol.

Serão dias de muito aprendizado para o Corinthians. Dentro de campo, é hora de entender as estratégias, traçar novos rumos e orquestrar novas jogadas para que o time consiga alçar voos mais altos em 2024. Fora dele, é o momento de exercitar a empatia e a camaradagem dentro do CT Joaquim Grava. Essa lição, porém, já parece estar sendo absorvida pela equipe.

Veja mais em: António Oliveira e Maycon.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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