Willian Carente
Boas contas. A única ponderação que eu faço é de que talvez o público seja pequeno por ser em um estádio ruim, feio, de péssimo acesso em que jogamos quase como visitantes. Gostaria de ter o Pacaembu disponível nessas horas. Elas lotariam todos os jogos...
em Bate-Papo da Torcida > O Timão Feminino poderia jogar na Arena?
Em resposta ao tópico:
Vejo muitos torcedores pedindo para que as Brabas mandem seus jogos na Arena e resolvi fazer um levantamento de custos baseados na Supercopa Feminina deste ano que teve 2 jogos na Arena (semifinal e final) mais o primeiro jogo em Diadema.
As informações a seguir são baseadas nos boletins financeiros divulgados pela CBF que considera o público pagante (venda de ingressos) e não o público presente. Neste caso, a análise acaba prejudicada pois boa parte dos ingressos vendidos foram para associados do FT que compraram apenas para pontuar e não foram assistir aos jogos.
Vamos começar pela semifinal contra o Internacional onde tivemos um público pagante de 9.183 torcedores, com renda bruta de pouco mais de R$ 147 mil, com ticket médio de R$ 16. Chama a atenção as despesas de pouco mais de R$ 134 mil com uma receita líquida de apenas R$ 13 mil (9%)! Ou seja, seria preciso um público mínimo de quase 8.400 torcedores para não ter prejuízo (público presente divulgado foi de 4.777 torcedores). A maior despesa está relacionada a orientadores e segurança privada no total de quase R$ 53 mil (39% do total), 4 vezes mais que a renda líquida!
Já na final contra o Flamengo tivemos um público pagante de mais de 25 mil, com renda bruta de cerca de R$ 612 mil, ticket médio de R$ 24. As despesas foram de cerca de R$ 354 mil com renda líquida de R$ 258 mil (42%). Seria preciso um público mínimo de 15 mil torcedores para não ter prejuízo com todos os setores abertos. Novamente a maior despesa está em orientadores e segurança privada totalizando absurdos R$ 185 mil (mais de 52% das despesas).
Agora vamos ver os custos do primeiro jogo com o Galo jogando em Diadema onde tivemos um público pagante de cerca de 5 mil torcedores, com renda bruta de R$ 72 mil e ticket médio de R$ 14. Neste caso as despesas foram de R$ 28 mil com renda líquida de R$ 44 mil (61%), 3 vezes maior que a da semifinal na Arena. E das despesas, apenas 10% correspondiam aos gastos com orientadores e segurança (apenas R$ 2,8 mil).
Como podem alegar que não dá para comparar o custo da Arena com o pequeno estádio do Água Santa, fui procurar informações dos grandes da capital e os mesmos custos em clássicos do Paulistão (informações levantadas nos boletins financeiros da FPF).
SEP x SPFC (Allianz): Público: 40 mil, Renda Bruta: R$ 2,3 milhões (Ticket R$ 57), Renda Líquida: R$ 1,6 milhões (71%), Orientadores + Segurança: R$ 93 mil (14% das despesas)
SPFC x SCCP (Morumbi): Público: 55 mil, Renda Bruta: R$ 2,8 milhões (Ticket R$ 51); Renda Líquida: 2,1 milhões (76%), Orientadores + Segurança: R$ 131 mil (20% das despesas)
SCCP x SEP (Arena): Público: 46 mil, Renda Bruta: R$ 2,6 milhões (Ticket R$ 57), Renda Líquida: 1,8 milhões (71%), Orientadores + Segurança: R$ 260 mil (34% das despesas)
Pelos números acima, os três clubes tem renda líquida próxima, em torno dos 70%, e ticket médio também. O que chama a atenção é o custo com orientadores e segurança privada na Arena ser o dobro do Morumbi e quase o triplo do Allianz. Isso chama a atenção pelos valores e percentuais envolvidos, assim como aconteceu nos jogos do Feminino, e que deveriam ser investigados para saber a necessidade desta enorme despesa e quem são as empresas contratadas.
Concluindo, financeiramente é impossível que o futebol feminino mande seus jogos normais na Arena pois os custos são altíssimos e dificilmente o departamento teria algum lucro, ao contrário do que pode acontecer jogando em estádios menores.
