Meu Timão

O jogo contra o Novo Horizontino revela muito sobre uma mentalidade de jogo do Corinthians, que pensa ser um estilo de jogo aguerrido mas na realidade não passa de pura ilusão. Quando analisei os dados da partida e do Paulistão em geral, me fez pensar seriamente sobre tudo isso, e me perguntar o que de fato está acontecendo internamente. E creio que é algo que, definitivamente, não representa o torcedor.

Os dados mostrados são do FootStats.

O JOGO

Posse de bola

No primeiro tempo o Corinthians foi superior, mas no segundo foi mais equilibrado. A maior posse de bola do Corinthians é enganosa, como será visto.

A evidência da posse de bola enganosa se reflete nesse quadro com círculos, mostrando em qual setor do campo houve mais posse de bola em cada time. Vemos que o Corinthians manteve uma posse maior na parte defensiva, mais especificamente na direita, onde o Nozo Horizontino priorizou, e no miolo de zaga. No meio-campo e ataque, o nosso lado esquerdo foi mais acionado, e vemos o quanto Novo Horizontino explorou o meio-campo, jogando pelos lados.

O mais assustador é olhar tanto o mapa de calor, que comprova o flanco direito sendo atacado e um maior posicionamento do time no miolo de zaga, quanto a interação entre jogadores: a maior troca de passes foi entre Pedro Henrique e Gil e depois Gil com Fagner - que foi bombardeado pelo adversário - ou seja, somente passes na zaga; enquanto as maiores interações do Novo Horizontino foram entre o LATERAL Paulinho e o MEIA Danielzinho e o VOLANTE Aíslon para o MEIA Danielzinho, em sua maioria no meio-campo, pelos lados

Chutes a gol

Olhando os dados mais completos do jogo, vemos que apesar da maior posse de bola, o adversário chutou 5 vezes a gol enquanto nós apenas 2 vezes - o outro foi do Everaldo. Ah, e embora vocês estejam notando que a maior parte de nossas finalizações foram dentro da área, Boselli não finalizou nenhuma vez. Luan errou 3, Janderson 2, Gil, Gabriel e Pedro Henrique 1 cada.

DADOS GERAIS

No Paulistão, vemos alguns fatos chamativos.

- O jogador que dá mais assistências pra gol é, disparado, Fagner.

- A artilharia do campeonato chama muito a atenção: Boselli está empatado com o meia Camilo, do Mirassol, com 5 gols, os dois logo atrás do artilheiro, Willian, do Palmeiras, com 6 gols.

- Em número de finalizações estamos muito atrás: Daniel Alves é o que mais finaliza (27 chutes, 12 certos e 15 errados) seguido ligo pelo seu companheiro Pablo (26 chutes, 11 certos e 15 errados), e depois vem Junior Todinho, do Guarani, e Alexandre Pato. Luan é o representante do Corinthians em 7º, com 20 chutes, 6 certos e 14 ERRADOS. Internamente, Boselli é o 2º que mais finaliza.

- Fagner é o líder em cruzamentos.

- Um dado bom, mas ao mesmo tempo assustador, é o número de passes bem-sucedidos: o zagueiro Pedro Henrique é o 5º melhor passador do campeonato. Se o Corinthians estivesse bem, esse número deveria ser dividido tanto com Luan quanto Camacho e Cantillo: isso é tão verdadeiro que Arboleda, Tche Tche e Daniel Alves, o líder, mostram o protagonismo nesse sentido. E a posse de bola é assistadora: Daniel Alves, Tche Tche e Arboleda encabeçam a lista, e Pedro Henrique é o representante do Timão em 7º.

SERÁ QUE Camacho E Pedro Henrique SÃO CULPADOS DE ALGO NESSE CAMPEONATO INTEIRO?

Antes de mais nada, concordo que Pedro Henrique é limitado tecnicamente. Mas para quem critica Camacho e Pedro Henrique, observem os dados no tocante a interceptações. Nesse quesito o Corinthians está muito atrás dos outros times, porém internamente notamos que, apesar de Fagner ter errado uma interceptação de 4, Camacho vem logo atrás: das três interceptações feitas, ele acertou as três. Isso serve para reflexão sobre as críticas em cima dele. Pedro Henrique vem em terceiro com 1 interceptação errada de 3, e Cantillo em quarto, com 2 interceptações bem-sucedidas.

Quando se trata de roubadas de bola, também estamos muito atrás de times com jogadores muito mais eficientes nisso que nós, porém internamente, vemos que Fagner é quem rouba mais, seguido de Pedro Henrique (que não errou nenhum), e depois vem Camacho, Lucas Piton, Gabriel e Cantillo.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO E ANÁLISE ESTRATÉGICA

O que esses números revelam? Em primeiro lugar, Camacho e Pedro Henrique não tem nenhuma culpa de o time jogar mal: a falha de Tiago Nunes está em escalar meias que correm muito mas passam pouco a bola e mal cruzam, com Boselli lamentando demais. Isso faz com que os lados do campo fiquem mais vulneráveis – explicação para Fagner ser o maior roubador de bola e interceptador, junto com Pedro Henrique. E o mais assustador é que, quando se trata de interceptar, até Bruno Méndez está na frente do Gil!

Camacho, junto com Cantillo, que deveriam ser os principais interligadores do ataque ao lado do Luan, acabam tendo que recuar, roubar bolas e interceptar quando os meia-atacantes falham - e isso ficou visível nesse jogo. Tenho ouvido que o fato de Ramiro ter se machucado atrapalhou estrategicamente - e a afirmação tem lógica. Ele é um volante que joga como meia-direita, ajuda a dar sustentação ao Luan. Acontece que Camacho é tão bom articulador quanto - e se ele ainda não provou isso, fica mais do que evidente que foi por pressão tática. O mesmo vale para Cantillo.

Pedro Henrique, como disse, é limitado tecnicamente. Se ele é o melhor passador do time, isso se deve ao fato de o time jogar recuado o campeonato inteiro. Uma melhor alternativa seria, a meu ver, Danilo Avelar - e sim, eu entendo a revolta de alguns quanto a ele. Mas Avelar é um bom passador, tem boa visão de jogo como demonstrou na Florida Cup e sabe sair do campo defensivo com a bola nos pés e dar um passe direto para um meia ou um volante adiantado. E Sidcley, se voltar logo, será uma peça importante.

Luan não foi feito pra jogar num 4-2-3-1 com ele isolado. Seria muito mais inteligente jogar num 4-1-4-1, com Cantillo ou Camacho de volante, Yony Gonzales na ponta esquerda, Ramiro (quando voltar de lesão) ou na situação atual, Mateus Vital, depois Luan e Ángelo Araos na esquerda, com Boselli no ataque. Caso queira permanecer no 4-2-3-1, ao menos colocar Araos. Isso dará uma estabilidade e uma velocidade de passes no meio-campo, e o atacante agradece.

CONCLUSÃO

Acredito que o técnico esteja sendo forçado a escalar certos jogadores que ele não queria escalar. Uma tendência que observo é que, quando diretores e dirigentes participam mais na mídia, resulta numa maior pressão da parte deles em cima da comissão técnica. Isso é a receita certa para o desastre. Um superior nunca deve intervir nas decisões do estrategista. Certamente há todo um jogo de interesses. E isso é uma coisa que o time não precisa, e que o torcedor tem e sempre vai ter toda a razão de protestar diante dessa hipocrisia.

VAI CORINTHIANS!