Citado pelo Fantástico, vice do Corinthians pede que Polícia Civil encontre caminho do dinheiro
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Por Rodrigo Vessoni
Durante uma extensa reportagem do Fantástico (TV Globo) sobre o imbróglio e desdobramentos do acordo comercial entre Corinthians e a Vaidebet, o vice-presidente Armando Mendonça foi um dos citados.
Segundo a reportagem, a polícia acredita que o advogado e dirigente corinthiano contratou por conta própria uma empresa de investigação particular chamada Vênus para encontrar Edna Oliveira dos Santos, usada como laranja.
Ainda segundo a TV Globo, Felipe Ferreira, dono da Vênus e supostamente contratado por Mendonça, teria escalado Adriana Ramuno para ir à casa de Edna em Peruíbe, no litoral sul paulista, para perguntar sobre a abertura da empresa de fachada Neoway Soluções Integradas e descobrir se Edna assinou documentos para a empresa que recebeu cerca de R$ 1 milhão de comissionamento.
Em nota enviada ao portal Meu Timão, o vice-presidente diz não ter sido procurado pela TV Globo, não entra no mérito da suposta contratação da empresa de investigação particular e pede que a polícia descubra o caminho do dinheiro que saiu das contas do Corinthians.
"Não fui procurado pela reportagem do Fantástico. Respeito o trabalho jornalístico e sempre me coloquei à disposição de todos os profissionais da área. Sobre os fatos comentados na reportagem e citação a minha pessoa, aguardo a apuração da autoridade policial competente para saber o caminho do dinheiro que saiu do Corinthians. É esse o desejo da sociedade e principalmente dos corinthianos", afirmou Armando Mendonça.
Depoimento à Polícia Civil
Recentemente, Armando Mendonça prestou depoimento à Polícia Civil de São Paulo. Segundo o vice-presidente do Corinthians, no último dia 8 de maio - 12 dias antes da publicação da matéria feita pelo jornalista Juca Kfouri ser publicada, em 20 de maio -, o dirigente alertou ao presidente Augusto Melo sobre a movimentação suspeita da empresa Rede Social Media. No entanto, de acordo com Mendonça, Augusto recusou averiguar tal situação.
Segundo Mendonça em seu depoimento, Augusto Melo afirmou que o problema não era do clube e que só afastaria qualquer pessoa com prova de corrupção. Veja abaixo o que Armando Mendonça disse à Polícia Civil, em publicação recente da ESPN:
"No dia 8 de maio, estive na sala do presidente Augusto Melo e relatei que havia recebido informações que entendia ser gravíssimas e que o presidente, como mandatário responsável pelo clube, deveria tomar imediatas providências antes que tais informações se tornassem públicas."
"Informei ao presidente (Augusto Melo) que a empresa intermediadora do nosso patrocinador havia recebido valores de (duas parcelas) de R$ 700 mil cada, em um total de R$ 1,4 milhão, em um intervalo de apenas três dias (no mês de março de 2024). E que, ao recebimento desses valores, essa empresa, segundo jornalista (Juca Kfouri), havia desviado quase sua totalidade do valor para uma empresa fantasma - de uma laranja. E que isso era de se causar estranheza e muita preocupação, sendo que o clube deveria interromper imediatamente qualquer pagamento para a empresa Rede Social Media (contrato permitia isso) e pedir imediata apuração pela autoridade policial, uma vez que o clube não poderia compactuar com uma empresa que recebeu dinheiro do Corinthians e estaria abastecendo outra considerada fantasma. Ou seja, transformando dinheiro lícito em ilícito."
"Não via com bons olhos, pois entendia ser um ato de má gestão o fato do diretor administrativo Marcelo Mariano se aproveitar da ausência do diretor financeiro à época, Rozallah Santoro, para pedir que o funcionário do clube subordinado ao diretor financeiro fizesse o pagamento de duas notas fiscais de R$ 700 mil cada para essa empresa intermediadora (Rede Social Media) sob a frágil justificativa de que a referida empresa havia emitido essas notas fiscais e recolhido impostos decorrente delas."
"Sugeri para o presidente que utilizasse boas práticas adotadas... e iniciasse imediatamente procedimento interno de averiguação para demonstrar a lisura das investigações. Assim, o presidente estaria protegido de qualquer ataque de opositores, pois agiríamos com rapidez em prol do clube, transparência e dentro do que recomendam as empresas que fazem trabalhos de investigação."
"Dito isso, ele preferiu não seguir com nenhuma das minhas sugestões e recomendações, nem paralisação dos pagamentos, nem pedido de instauração de inquérito policial e nem apuração interna com afastamento dos citados (Sergio Moura e Marcelo Mariano), com alegação de que essa questão (eventual repasse para empresa de laranja) era problema exclusivo da empresa intermediadora Rede Social e não do Corinthians. Não via o clube como vítima. Ainda disse que a Rede Social fazia o que quisesse com o dinheiro e que só afastaria qualquer pessoa com prova de corrupção."
"Somente depois da publicação da matéria do jornalista Juca Kfouri, no dia 20 de maio, o Corinthians divulgou uma nota oficial dizendo que não guardava nenhuma responsabilidade sobre eventuais repasses financeiros a terceiros. Embora não tenha sido consultado, não concordei com tal posicionamento. Somente depois da repercussão na mídia, o presidente do Corinthians tomou algumas das providências, sendo mesmo com a minha sugestão e até mesmo do antigo diretor jurídico, preferiu não afastar nenhum dos envolvidos para a lisura da investigação."