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Ainda falta muito para a luz no fim do túnel
Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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Ainda falta muito para a luz no fim do túnel

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Ainda falta muito para a luz no fim do túnel

António Oliveira sendo contido por jogadores do Corinthians

Foto: Danilo Fernandes/Meu Timão

Como já dizia Adenor Leonardo Bacchi, “o sentimento que vocês têm, eu também tenho”. Saí do jogo entre Juventude e Corinthians estarrecida com o que foi apresentado pelos jogadores do meu time. Não houve tática, não houve técnico, não houve refino e, principalmente, não houve vontade de vencer a partida em momento algum.

A culpa pode ser colocada nos bolsos de várias pessoas. Pelo esquema, temos que falar sobre António Oliveira, que esbarrou na falta de entrosamento para tentar um jogo com apenas um volante e que, ao que tudo indicia, talvez tenha subestimado o adversário; individualmente, podemos falar sobre os gols perdidos de Yuri Alberto, sobre o espaço dado por Fagner na entrada da área, sobre a falta de cobertura de Hugo, sobre a lentidão do Romero, sobre as decisões do Wesley; podemos - e devemos! - falar sobre Cássio e sobre a falha recorrente na saída com os pés… Existem muitos pontos que podem ser discutidos.

Hoje, porém, eu não quero discutir tática; quero discutir a cabeça. Para a partida contra o Juventude, o Corinthians deixou em São Paulo a principal característica do time montado por António Oliveira que era a vontade. Em nenhum momento, qualquer que fosse, o time demonstrou vontade de vencer e se contentou com pouco. Quando o próprio pouco não veio, o time se perdeu nas quatro linhas e o que já estava ruim - aí, sim, taticamente - piorou ainda mais.

A falta de cabeça dos atletas origina derrotas; as derrotas resultam na falta de cabeça dos torcedores. É um ciclo vicioso que prende o Corinthians há, pelo menos, sete anos, desde a conquista do último título brasileiro. Nesses anos todos, trocamos de técnico, de jogadores e, em 2023, até de diretoria, mas seguimos presos no mesmo dia todos os dias.

Com um empate e uma derrota no Campeonato Brasileiro, a palavra “rebaixamento” começa a surgir como um grito no horizonte. “O Corinthians vai ser rebaixado, não tem como fugir”. “De 2024, com certeza, não passa”. E sim, é uma possibilidade, assim como não é. Até este momento, apenas seis pontos foram disputados e, embora o prognóstico seja ruim, o caminho ainda é longo.

Faltam 36 rodadas e o Corinthians vive, nesse momento, aquelas que, ao meu ver, são as mais importantes deste longo e traiçoeiro Campeonato Brasileiro: as dez primeiras. Em 2024, porém, vive esses jogos em meio a uma reformulação que por muito tempo teve cara de desmanche, aí passou a parecer um acerto e, em seguida, virou um erro completo. Daqui a pouco, voltará a parecer um desmanche, passará a ser acerto e, daqui a pouco, um erro fatal. Porque, adivinhem, é assim que uma reformulação se parece.

Mais do que os gritos de “rebaixado” na primeira rodada, outras palavras também foram muito repetidas nos últimos anos; “reformulação” talvez seja a principal delas. E, olha, como nós precisávamos dela. Só que o assunto tornou-se tabu, talvez porque ela nunca foi realmente explicada e o entendimento geral é de que o Corinthians trocaria técnico, diretoria e jogadores e se tornaria o Real Madrid da América do Sul. A verdade, porém, passa longe disso.

É um longo e árduo processo que passa, necessariamente, pela mudança da essência de um clube de futebol. A essência corinthiana, hoje, ainda é aquela da eterna idolatria, dos jogadores passivos e de troca insistente de treinadores. E, infelizmente, ela não se muda do dia para a noite; exige tempo.

Não “tempo de treino”, semanas e mais semanas de pré-temporada. Tempo de adaptação e de mudança, que vai além do que se treina com a bola no pé. Claro que passa por isso, não podemos ser ingênuos de dizer que o futebol não interfere nessa renovação, mas também não é o único fator.

Reformular exige tempo. Exige cuidado. E, sejamos honestos, exige o pé no freio e a diminuição da marcha. É uma descida íngreme que, se não for controlada, vai gerar um acidente grave. Reformular não significa que vai ganhar tudo no primeiro ano, mas também não dá para imaginar que o mundo vai acabar.

Querer as glórias da reformulação significa estar disposto a passar pelos mares de espinho que cercam esse processo. Já diria o sábio: todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer. Não é ter paciência, é ter calma; entender que o trabalho deu os primeiros passos com a troca de comissão técnica e com a chegada de novos jogadores, além da troca da diretoria. Mas ainda está bem longe da linha chegada.

Veja mais em: António Oliveira e Campeonato Brasileiro.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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    Fernando 31 comentários

    @fernando.rosely em

    Reformulação com um goleiro 13 anos titular, Cássio deveria está na reserva e nem cogitado renovação isso é uma vergonha para a instituição Corinthians! Faça uma estátua como homenagem aos serviços prestado e bora virar a página, um time acomodado é reflexo dos mais antigos!

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    Alexandre 6299 comentários

    @xandon em

    Estamos se iludindo com jogadores, a qualidade, e principalmente a personalidade desses jogadores desta nova geração que vem surgindo, acabou dificilmente conseguimos ver jogadores com este perfil, virou coisa rara no futebol.

    Jogadores hoje, esta sendo os mentirosos do futebol, estamos contratando gato por lebre, o jogador joga bem, se destaca em seu ex clube, mas quando é contratado pelo o Corinthians some o fitebol.

    Costumo dizer que é jogador ventania, aquele jogador de uma única temporada, a diretoria precisa se atentar nisso, o jogador estipula seu salário e luva, mas não tem futebol para ganhar o que pede, este é o ponto!

    Temos que prepar nossos jogadores isso sim, preparar de verdade os moleques da base para abastecer o time profissional, e sair de vez deste mercado da bola mentiroso.

    Contratar esporadicamente quando realmente valer a pena, quando surgir um jogador como Raniele, caso ao contrario, base!

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    Trazer mais um meia e um ponta rápido e driblador é preciso no mínimo

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    Está difícil

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    38º. @joao-de-mattos-evang em

    Na minha opinião falta liderança para o elenco, o Cássio como capitão só xinga, acho que se o Paulinho tivesse condições pra atuar os 90 minutos seria ele o líder em campo, não vamos desistir nunca, em algum momento o time vai dar liga, vai Corinthians até a morte!

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    Rafael 593 comentários

    37º. @rafael.andrade33 em

    Corinthians vem com essa de reformulação des de 2020 com a chegada do ilustre meia boca Thiago Nunes e até agora em 2024 se fala em reformulação... Será que a culpa não seria de quem esta reformulando o time a 4 anos e contratando esses tipos de jogadores?

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    Jsveloso 1554 comentários

    36º. @jsveloso em

    Reformulação já deveria ser em geral, desde aqueles que comandam o clube, de só tem trambiqueiros e amadores, que ainda mantém a mesma doença de contratar pé de rato a peso de craques, manter jogadores que não eram pra estar mais e ainda querer repatriar ex jogadores por gratidão