Preparador de goleiros da base do Corinthians detalha trabalho para defesas de pênaltis
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Por Victor Godoy
Entre final e semifinal, os goleiros do Corinthians defenderam sete cobranças de pênaltis adversários
Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians
Entre semifinal e final do Paulista, os goleiros do Sub-17 do Corinthians defenderam sete das 12 cobranças de pênalti que tiveram. O desempenho fez com que o Timãozinho conquistasse o torneio e também trouxe atenção da torcida para os jovens arqueiros.
Em busca de entender como é essa preparação, o Meu Timão conversou com Nelcirio Franck, preparador de goleiros do Sub-17, que detalhou o trabalho que faz com os atletas. "Deixamos todos bastante preparados mentalmente. O principal nesse momento não é tanto físico, é o mental. É o mental que faz a diferença, principalmente para o goleiro", explicou.
"Eu não trabalho especificamente defesa de pênalti com eles". A atividade principal do preparador nesse sentido é em auxiliá-los na medida do possível. "O que faço é mapear todas as cobranças dos adversários. Pego todas as súmulas do ano e vou vendo quais jogos tiveram pênaltis. Após isso vou na internet ver quais jogos foram filmados e consigo ver o vídeo", detalhou, antes de continuar.
"Se não encontro na internet, tento ver com alguns amigos analistas e aí entra o Luiz, que é analista do Sub-17 e me ajuda nessa busca. Dentro disso, vamos formulando para colar na garrafinha do goleiro. Se o jogo vai para os pênaltis, damos uma garrafa vazia ao goleiro com a colinha de possíveis batidas. No caso do Red Bull, coincidentemente os últimos três que ele (Matheus Corrêa) pegou estavam na garrafinha. Do São Paulo, dois estavam na garrafinha", contou.
A "colinha" é feita para ser o mais intuitivo possível. Nelcirio monta a meta e coloca uma bola onde aquele cobrador costuma bater. Nada de setas, apenas a bola, o gol e o nome do jogador são inseridos.
Como a "colinha" fica na garrafa durante as cobranças de pênaltis
Arquivo pessoal
Dificuldade em trabalhar com jogadores de base
Além do trabalho para formar goleiros, Nelcirio e demais funcionários do Corinthians têm o dever de desenvolvê-los como indivíduos. O preparador relata que há bastante dificuldade em questões físicas por causa do estirão dos atletas.
"A categoria Sub-17 acho que é uma das mais desafiadoras, porque eles chegam na categoria ainda crianças, no final da infância, que é quando eles têm o estirão de crescimento, as assimilações cognitivas, e muitos chegam descoordenados. Tudo isso precisa ser respeitado. Temos um departamento de fisiologia, de preparação física... todo um cuidado para desenvolver o volume e a intensidade dos treinos".
"Conforme eles vão se familiarizando e assimilando esses trabalhos, vamos deixando mais complexos para termos essa progressão e entregá-los da melhor maneira possível para o Sub-20, que já é profissional e é outro padrão de trabalho", concluiu.
Na sequência, explicou que mesmo sendo um trabalho de grupo, a ideia é sempre desenvolver ao máximo os goleiros do Corinthians individualmente. "Nós estamos alinhados com a comissão técnica no geral, principalmente com o treinador e o auxiliar para entender a forma de jogo, o que eles querem do goleiro principalmente na saída de bola. Buscamos, também, desenvolver o indivíduo. Mesmo trabalhando com um grupo e aplicando as mesmas ideias, vemos as necessidades de cada goleiro, buscamos entender as individualidades e dentro disso desenvolver da melhor maneira possível".
O preparador também rasgou elogios à dupla Matheus Corrêa e Cauã Vasconcellos, que integrarão o Sub-20 em 2024, por exigirem tanto dele. Isso fazia com que todos evoluíssem juntos.
Cauã Vasconcellos, inclusive, já treinou com o profissional do Corinthians
Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Não é um trabalho de um homem só
Por fim, o preparador fez questão de enaltecer o trabalho que é feito por todo o departamento, explicando a importância de ser tudo integrado.
"É um trabalho que não é individual. Fazemos parte de um departamento. Somos cinco preparadores de goleiros e cada um, dentro da sua respectiva categoria, têm uma importância fundamental para a evolução desses goleiros até eles chegarem no Sub-20 e profissional. Não é uma pessoa que acompanha esse goleiro da base ao profissional, temos uma integração muito bacana, nos falamos todas as semanas e quando tem dúvida sempre conversamos para tentar elaborar o melhor cenário para o goleiro evoluir", avaliou.
O resultado é visível na medida que o Corinthians tem vários goleiros convocados para as Seleções de base. Nos últimos anos foram Matheus Donelli, Kauê e agora Matheus Corrêa, que está disputando a Copa do Mundo Sub-17.
Para a Copinha de 2024, três goleiros que eram do Sub-17 até então apareceram na pré-lista de Danilo. Fora Matheus, Cauã Vasconcellos e Gabriel Bizzon foram chamados.
