Luxemburgo desabafa sobre hostilização no hotel e pede providências: 'Está ultrapassando os limites'
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Por Pedro Mairton, Vitor Chicarolli e Victor Gomes
Luxemburgo falando durante coletiva de imprensa
Danilo Fernandes/Meu Timão
O técnico Vanderlei Luxemburgo preferiu abrir a coletiva para pedir providências sobre a segurança dos atletas antes de comentar sobre a vitória do Corinthians por 1 a 0 diante do Atlético-MG, na noite deste sábado, pela 14ª rodada do Brasileirão.
Na chegada da delegação corinthiana no hotel onde se hospedou para se preparar para o duelo contra a equipe mineira, o zagueiro Gil foi hostilizado por alguns torcedores no local e foi afastado da confusão por outros companheiros. Luxemburgo reclamou da situação e cobrou atitudes do Ministério Público, governo e da própria CBF, afirmando que há algumas cobranças “ultrapassando os limites”
“Gostaria de comentar uma coisa que acho que é fundamental. Independente do resultado do jogo de hoje, eu ia comentar de qualquer maneira, porque acho que é importante para todos nós cidadãos que estamos dentro do esporte. É muito ruim você estar em uma concentração no hotel e se sentir em uma prisão domiciliar. Você não pode descer, não pode pegar elevador, passa na recepção e é agredido verbalmente, chega no hotel e não pode entrar. Cara, onde nós vamos parar? Se as autoridades não tomarem providências para que isso pare, quando morrer alguém, acontecer alguma coisa pior, aí vão falar. Acho que o Ministério Público, o Governo Federal, a CBF, tem que tomar uma posição, porque não posso sentir meus jogadores sem poder transitar no hotel, sem atender os torcedores que querem tirar uma foto com a gente. Essa coisa está ultrapassando os limites”, iniciou o técnico.
Gil foi alvo de críticas após a derrota do Corinthians por 1 a 0 para o América-MG, na última quarta-feira, em jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. O zagueiro viu Juninho receber passe em suas costas e anotar o tento que resultou no triunfo do time mineiro.
O comandante não tirou o direito de protestos da torcida pela má fase em campo, mas disse ser “desagradável” as cobranças ocorrerem no local de trabalho. O treinador disse que não gostaria de se sentir em uma prisão domiciliar e fez questão de ressaltar que o problema não ocorre apenas no Corinthians, mas no futebol brasileiro em geral.
“A torcida tem todo direito de protestar, quando quiser protestar, mas ali é nosso local de trabalho para se preparar. Acho isso uma coisa muito desagradável. Alguém tem que tomar uma posição forte, porque não gostaria de me sentir em uma prisão domiciliar se não cometi nenhum crime. Só sou um profissional do futebol, são jogadores de futebol. Muito complicado isso aí. Só estou falando isso porque é uma coisa que vem acontecendo, não só com o Corinthians, é o futebol brasileiro como um todo. Hoje os dirigentes que estão com os clubes na primeira colocação não querem tomar decisão por que estão bem, mas daqui a pouco eles podem estar em uma posição igual, podem estar mal e vão ser pressionados. Acho que isso cabe para todo mundo do futebol tomar uma decisão coerente em benefício do futebol”, disse.
Luxemburgo, por fim, citou como exemplo a Inglaterra, que reduziu os casos de violência no futebol nas últimas décadas. O técnico disse que o posicionamento não é pelo fato de não gostar de ser cobrado, uma vez que entende que isso faz parte do esporte, mas terminou a coletiva afirmando que deseja ter maior paz e equilíbrio nessa relação com os torcedores.
“A Inglaterra parou com a violência quando tomaram uma decisão muito forte lá. Então acho que essa coisa é uma coisa que venho pensando, venho falando, me posicionando, venho falando, sempre com inteligência, sem querer que o torcedor não critique, não ache que estou fazendo um trabalho ruim, que os jogadores não estão fazendo, não tem nada a ver, pode fazer e deve fazer, esse é o futebol. Agora nós gostaríamos de ter um pouco de paz e um equilíbrio maior nessa relação nossa”, concluiu.