Neo Química Arena: saiba em detalhes como ficou a estrutura societária após a saída da Odebrecht
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Por Rodrigo Vessoni
A Neo Química Arena viverá um novo momento administrativo a partir de 2023, com uma estrutura societária bem menos complexa. É isso que ficou claro no documento do orçamento de 2023 do Corinthians que, diferente dos anos anteriores, inclui diversas informações financeiras do estádio.
O portal Meu Timão teve acesso ao documento. Nele, o clube esmiúça como ficará a estruturação financeira e administrativa do estádio após a exclusão da Odebrecht como sócia do Fundo Arena Corinthians.
Com a antiga estruturação, o fundo que gerenciou as contas do estádio desde a construção em 2022 era dividido em diversas partes. Confira abaixo:
Agora, segundo o documento enviado aos membros dos Conselhos Deliberativo, Fiscal e de Orientação do clube, a nova e menos complexa estruturação financeira e administrativa do estádio ficou assim:
No documento, o Corinthians traz as seguintes explicações sobre esse novo diagrama da estruturação financeira e administrativa da Neo Química Arena:
- O SCCP é detentor de 100% das cotas do Arena FIP, que por sua vez é acionista da SPE Arena, entidade que registra a dívida com a Caixa Econômica Federal (CEF);
- Todas as receitas relacionadas a Neo Química Arena estão dentro do FII, exceto as receitas de bilheteria que estão diretamente ligadas ao SCCP, porém são 50% repassadas à SPE Arena para pagamento da dívida conforme clausulas contratuais;
- Todos os custos e despesas relacionados à operação da Arena estão dentro da Arena FII, com exceção dos custos com pessoal que estão no clube;
- A CEF possui como garantias as receitas oriundas da Neo Química Arena relativas a bilheteria e naming rights, bem como garantias adicionais dadas pelo SCCP (parte dos fluxos de recebíveis de atletas e premiação e fluxo do contrato de televisão para o Campeonato Brasileiro). As outras receitas da Neo Química Arena suportam os custos operacionais (exceto jogos) sendo de livre acesso pelo clube.
O clube ainda lembra aos seus sócios e conselheiros que a dívida total de R$ 1,5 bilhão na antiga estruturação societária tornou-se uma dívida de R$ 611 milhões a ser honrada com o atual modelo societário (veja abaixo) - primeira parcela em novembro de 2023.
Boa parte dessa diferença, vale lembrar, foi resgatada pela Odebrecht com a aquisição dos CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento), que são títulos emitidos pela Prefeitura. Quem compra esses papéis, pode utilizá-los para pagamento de impostos municipais com descontos.
Entenda a saída da Odebrecht do Fundo Arena Corinthians
O grupo Odebrecht participou de duas maneiras da construção da Neo Química Arena: num primeiro momento, com a Odebrecht Engenharia e Construção, responsável por erguer o estádio.
Porém, como o Corinthians não tinha garantias a oferecer para obter o empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (repassadora de recursos do BNDES), uma segunda empresa do grupo acabou sendo responsável pelas garantias: a Odebrecht Participações e Investimentos.
E foi a OPI quem se tornou sócia do clube no Fundo Arena Corinthians. Foi criada, então, uma sociedade de propósito específico (SPE), com o clube e a construtora como únicos parceiros. A sociedade duraria apenas o tempo de o clube viabilizar o pagamento dos gastos da construtora com a obra e também do financiamento junto à Caixa.
Como a Odebrecht entrou em recuperação judicial, autorizada pela Justiça, a construtora abriu mão de valores que teria a receber (ou que seria motivo de disputa judicial) de várias das suas empresas. Entre elas, a Odebrecht Participações e Investimentos (OPI) que, então, se desvinculou do estádio do Corinthians.