Para onde vai o dinheiro que a Fiel gasta com segundo ingresso mais caro do Brasil
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Por Lucas Faraldo
O Corinthians é dono do segundo tíquete médio mais caro do Campeonato Brasileiro. O torcedor alvinegro deixa, em média, R$ 52,50 por jogo na bilheteria da Arena, em Itaquera, a cada rodada como mandante da atual edição. Apenas o Palmeiras cobra de sua torcida valor mais alto (R$ 56). Diante desse cenário, o Meu Timão esmiuçou, item por item, os borderôs divulgados pela CBF. O objetivo é esclarecer à Fiel para onde vai o dinheiro gasto com os ingressos – montante destinado a pagar muitas despesas. Despesas bancadas... pela Fiel.
Diferença entre renda bruta e renda líquida
A renda bruta do Corinthians no Brasileirão de 2019 passadas 13 partidas como mandante é de R$ 23.921.486,84 – é daqui que calculamos o valor médio de R$ 52,50 por ingresso. Das dezenas de milhões, R$ 7.755.382,44 foram usados para pagar despesas – veja item por item abaixo. O que sobra efetivamente para o clube são R$ 16.166.104,40 – a renda líquida.
Representando 67,6% da arrecadação total, a tal renda líquida é integralmente passada para o fundo responsável pelas contas da Arena Corinthians. Em outras palavras: dos R$ 52,50 que você torcedor paga por ingresso, R$ 35,49 vão para o financiamento do estádio.
Despesas que o torcedor banca
A grande diferença entre os quase R$ 24 milhões de renda bruta e os pouco mais de R$ 16 milhões de renda líquida se explicam pelas tais despesas citadas acima. Mas afinal, que gastos são esses que a Fiel banca e, até aqui, totalizam R$ 7,8 milhões no Brasileirão?
Cabe já enfatizar: essa é uma grana que sai do bolso do torcedor, passa pela bilheteria da Arena e de lá já é encaminhada para seus mais variados destinos. O principal deles? Taxas e impostos, que já abocanharam quase R$ 2,5 milhões em 13 jogos do Corinthians em casa.
Cerca de 90% das taxas e impostos se dividem igualmente em duas fatias: 5% da renda bruta vão sempre para o INSS, órgão responsável pela previdência social no Brasil (imposto); outros 5% da renda bruta vão sempre para a Federação Paulista de Futebol (taxa).
A segunda principal despesa do Corinthians para mandar jogos na Arena é com orientadores. O clube, vale citar, contrata empresas terceirizadas para realizarem variados serviços ao custo de quase R$ 1,7 milhão em jogos do Brasileirão-2019 somente até aqui. Chama atenção haver nos borderôs ainda outros gastos de categorias similares como "segurança privada" (com custo de R$ 99 mil) e "prestadores de serviços" (custo de R$ 44 mil).
Talvez o principal problema do controle de despesas via borderô, porém, seja a quantidade de grana registrada em itens quase nada específicos. O terceiro maior gasto do Corinthians na Arena é com "despesas diversas", totalizando R$ 1,2 milhão até aqui na atual edição do Brasileirão. Tem partida que registra tais gastos em R$ 35 mil e tem outras que ultrapassam R$ 152 mil. Sem especificação da despesa, fica impossível explicar tamanha discrepância.
Alguns dos gastos do Corinthians com despesas da Arena, porém, são tabelados. O que isso significa? São idênticos (ou quase) em todos os jogos. Funciona assim com a Companhia de Engenharia de Tráfego (ou R$ 17 mil ou R$ 22 mil por jogo), ambulatório (na faixa de R$ 7 mil), ambulância (R$ 5 mil), controle de doping (também R$ 5 mil), monitoramento por imagens (R$ 3,5 mil) e banheiros químicos (R$ 1 mil).
Muitas das despesas, porém, não são lá muito padronizadas. Há na verdade grosseiras discrepâncias em alguns casos – além das já citadas "despesas diversas". No caso de transporte e hospedagem das equipes de arbitragem, dependendo do jogo, os gastos vão de R$ 1.439,96 a R$ 11.811,59 (este segundo valor mais de dez vezes maior que o primeiro). Grandes diferenças também são vistas em itens como "equipes de apoio", de R$ 1.650,00 a R$ 8.049,00, e "segurança privada", de R$ 1.550,00 a R$ 18.460,32 – esta última categoria de despesas vez ou outra nem aparece nos borderôs.
Vale ainda explicar que o item "alimentação", responsável pela quarta maior despesa do Arena Corinthians em jogos do Brasileirão (R$ 550.898,58), diz respeito aos alimentos fornecidos a "prestadores de serviços, staff e policiamento", conforme consta nos borderôs.
O peso das despesas da Arena Corinthians no bolso do torcedor
- Taxas e impostos: R$ 5,42
- Orientadores: R$ 3,73
- Despesas diversas: R$ 2,55
- Alimentação (prestadores de serviços, staff e policiamento): R$1,21
- Arbitragem: R$ 0,87
- Ingressos e controle de acesso: R$ 0,63
- Companhia de Engenharia de Tráfego: R$ 0,58
- Brigada de incêndio: R$ 0,45
- Bilheteiros: R$ 0,35
- Equipe de apoio: R$ 0,23
- Segurança privada: R$ 0,22
- Ambulatório: R$ 0,21
- Ambulância: R$ 0,14
- Controle de dopagem: R$ 0,14
- Monitoramento por imagem: R$ 0,10
- Prestadores de serviços: R$ 0,10
- Seguro do público pagante: R$ 0,05
- Banheiros químicos: R$ 0,05