Você sabia que o Corinthians deu à Seleção Brasileira suas primeiras alegrias?
Opinião de Tomás Rosolino
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O Corinthians e a Seleção Brasileira têm uma relação profunda e mais antiga do que vários clubes do país. Eu sei que você já ouviu algo do tipo "o Corinthians não revela ninguém", "Corinthians não fez história na Seleção", mas posso te garantir que quem falou está errado. Afinal, se a história não começou em 1990, muito menos começou em 1958. Em homenagem à disputa de mais uma Copa América, relembro o início dessa relação.
Quando o futebol ainda engatinhava na maior parte do Brasil, o fenômeno popular chamado Corinthians, já bicampeão paulista, emplacou dois convocados para a Copa América de 1919: Amílcar e Neco. Dois raros oriundos de um clube popular no meio de diversos clubes das elites carioca e paulista, ambos foram fundamentais no primeiro título da história do país.
Logo na estreia, 6 a 0 sobre o Chile, com grande atuação de Neco. Autor de dois gols e da jogada de outros dois, marcados por Friedenreich, o craque corinthiano já começava a chamar a atenção dos cariocas - o torneio foi todo disputado no Rio de Janeiro. Em uma época de pouco intercâmbio de informação além dos jornais, ver o canhoto em campo foi encantador para os locais.
No segundo jogo, vitória convincente por 3 a 1 sobre a Argentina, novamente com Neco participando de dois dos três gols, marcados por Heitor, Amílcar e Millon. O Brasil estava na final e ia encarar o forte Uruguai. Foi aí que Neco precisou trabalhar muito.
O primeiro tempo terminou 2 a 0 para os visitantes, resultado que dava o título aos uruguaios. Precisando de um empate, o Brasil viu Neco mostrar toda a sua bravura para diminuir aos nove minutos da etapa final e deixar tudo igual aos 27. "O povo brasileiro fez a festa na arquibancada e o scratch brasileiro rompeu o domínio uruguaio", escreveu o Jornal do Brasil do dia seguinte.
A igualdade forçou um jogo desempate, disputado quatro dias depois, também nas Laranjeiras. Em um duelo bastante disputado, coube a Neco romper a marcação adversária para criar a jogada do gol de Friedenreich, como bem remontou o jornal O Globo, em reconstrução narrada por José Carlos Araújo - veja abaixo.
Era isso, o Brasil, assim como Uruguai e Argentina, também podia se dizer campeão nacional. Tudo isso com a marca corinthiana de Amílcar e Neco, fundamentais para a primeira glória do futebol nacional. Já conhecido em São Paulo, Neco se tornou ídolo nacional e passou a ser cobiçado por clubes cariocas a todo momento, mas nunca deixou o Timão.
Três anos depois e sem poder seguir em frente sem os corinthianos, o Brasil voltou a recorrer a Amílcar e Neco para a Copa América de 1922. Melhor time do país {aquela altura, o Timão ainda contribuiu com os atacantes Tatu e Rodrigues.
A campanha teve vitórias sobre Paraguai e Argentina, além de empates contra Chile, Uruguai e o próprio Paraguai. O dado impressionante vem a seguir: cinco dos sete gols marcados vieram de jogadores do Corinthians - Formiga, do Paulistano, fez o segundo e o terceiro da vitória por 3 a 0 sobre os paraguaios.
- Brasil 1 x 1 Chile - Tatu
- Brasil 1 x 1 Paraguai - Amílcar
- Brasil 0 x 0 Uruguai
- Brasil 2 x 0 Argentina - Neco e Amílcar
- Brasil 3 x 0 Paraguai - Neco e Formiga (2)
A trupe corinthiana tinha voltado à ativa e, mais uma vez, carregado o Brasil para a glória, a segunda da Seleção mais vitoriosa do mundo. Neco se aposentaria do time nacional naquele ano, atuando apenas mais uma vez com a Amarelinha, em um duelo Corinthians x Brasil, comemorativo, no Parque São Jorge.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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