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A demissão de António Oliveira não pode ser o ponto final
Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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A demissão de António Oliveira não pode ser o ponto final

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A demissão de António Oliveira não pode ser o ponto final

António Oliveira durante coletiva após Corinthians e Palmeiras

Foto: Danilo Fernandes / Meu Timão

Dizem que, na vida, a nossa única certeza é a morte. Para o corinthiano, porém, existiam duas certezas: a morte e a demissão de António Oliveira. Desde a derrota por 1 a 0 para o Internacional, ou até mesmo antes disso, o convite para deixar o Parque São Jorge estava escrito, faltava apenas entender quando ele seria enviado.

Ele foi. Na manhã desta terça-feira, chegou ao fim o trabalho de António Oliveira no Corinthians. Em cinco meses, o treinador sofreu com as próprias limitações e com o elenco que foi colocado à sua disposição. Sem "passapanismo", o trabalho do treinador, que começou promissor, terminou frustrante com apenas uma vitória contra equipes de Série A e em 19º colocado no Campeonato Brasileiro. O treinador tinha que cair.

Pior que se frustrar com o trabalho do português é cair na armadilha de que demiti-lo consertaria magicamente todos os erros do Corinthians. O futebol brasileiro criou no torcedor a falsa noção de que a resolução universal para os problemas de todo e qualquer time está na demissão de seu treinador, como se um anúncio de saída configurasse uma mudança magistral e uma inversão total de todas as situações ruins. A verdade, porém, passa muito longe disso. O caminho do Corinthians ainda é longo.

Em novembro, logo após ser eleito, Augusto Melo prometeu ao torcedor uma reformulação completa. Dispensou jogadores mais velhos em fim de contrato, fez 11 contratações para o elenco e manteve Mano Menezes no cargo. Já em fevereiro, quando as coisas não andaram, demitiu Mano Menezes e contratou António Oliveira. O elenco, porém, continuou a pesar. A falta de peças de composição foi ficando escancarada, a qualidade dos atletas foi sendo posta a prova e, quando Augusto Melo se tocou, tinha tudo virado uma bola de neve.

Para exemplificar, vamos pegar o time que entrou em campo na estreia de António Oliveira diante da Portuguesa, ainda pelo campeonato Paulista. Na época, o treinador escalou: Cássio; Fagner, Félix Torres, Raul Gustavo, Caetano; Raniele, Maycon, Rodrigo Garro; Wesley, Yuri Alberto, Pedro Raul. No banco, ele tinha Carlos Miguel, Fausto Vera, Matías Rojas, Gustavo Henrique, Gustavo Mosquito, Breno Bidon, Artur Souza, Matheus Araújo, Kayke, Léo Maná, Ryan e Hugo.

Ao longo do tempo, António perdeu cinco titulares desse primeiro jogo, seja por saídas definitivas ou temporárias. Cássio e Raul Gustavo foram embora, Fagner está temporariamente no departamento médico, Maycon rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) e está fora da temporada e Félix Torres está com a seleção equatoriana. Do banco, saíram Carlos Miguel, Matías Rojas e Fausto Vera, todos eles de forma cabal.

Entre jogadores bem aproveitados e estratégias mal executadas, António Oliveira lidou com mais perdas do que chegadas e viu a perspectiva de reposição de peças do seu elenco se esvair aos poucos. Disse claramente em entrevista coletiva que o que lhe foi prometido em termos de reforços não seria cumprido e pediu para que a torcida adaptasse suas expectativas.

Por outro lado, Augusto Melo parece acreditar que montou um elenco semelhante aos Galácticos, daquele saudoso Real Madrid. Ou pelo menos é isso que ele dá a entender em suas entrevistas. Mas não é preciso ser um profundo entendedor de futebol para perceber que ter apenas um volante disponível não é saudável para nenhuma equipe e que ter única e exclusivamente Gustavo Mosquito como opção de ponta direita passa longe de ser um alento.

O desempenho do elenco e a escassez de peças demonstram aquilo que muitos já alertavam em janeiro: a reformulação de Augusto Melo falhou. Não pelas dispensas, não pelas contratações, não pelas demissões de treinadores. A estratégia foi por água abaixo por falta de planejamento. Afinal, ninguém muda a essência de um ambiente do dia para a noite, sem eleger um líder de confiança para segurar a bomba quando ela estourar e o choque de realidade (ou de gestão?) realmente acontecer.

Não houve choque; houve precipitação. Não houve reformulação; houve desmonte. O elenco do Corinthians é raso, não oferece opções viáveis ao treinador, independentemente de quem ele seja. Por isso, essa decisão de Augusto não pode ser final.

António Oliveira precisava ser demitido, mas não será sua saída a resolver todos os problemas do Corinthians. O clube precisa ir ao mercado com cautela e inteligência, tendo boa leitura dos reforços e aproveitando as verdadeiras oportunidades que surgirem. Não é hora de trazer aquele que custa R$ 2 milhões por mês pela mídia, e sim de trazer aquele que mais renderá. É hora de continuar a reformulação e não mascarar os problemas com mais um técnico destituído.

Veja mais em: António Oliveira, Augusto Melo e Mano Menezes.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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    @pedro.henrique638 em

    Estão achando que o Corinthians vai montar um time pra brigar lá em cima. A realidade é outra. É necessário colocar a casa em ordem. Fechar a torneira dos gastos. O CEO veio pra isso.

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    Matheus 488 comentários

    @matheus.santos101 em

    Folha salarial de 22m por mês, uma das 5 maiores do Brasil, futebol de centavos. Dispensou os mais velhos, poderia ter continuado com Giuliano e Cássio, 2 líderes. Giuliano foi receber 200k no Santos na série B, mas o Corinthians sequer quis sentar pra conversar a renovação com ele. Trouxe Coronado por 2M por mês e só conseguiu começar a jogar depois de 6 meses. Trouxe um RESERVA por 25m e perdeu o Carlos Miguel por 4M, não assinou um contrato que estava na mesa pra assinar e perdeu o Lucas Veríssimo.
    Essa gestão não é falta de planejamento, é falta de tudo? é uma PIADA.

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    Quando se contrata auxiliar para o cargo de técnico da nisso obvio, o cara não experiência como técnico, vai esperar o que?

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    Anderson 918 comentários

    35º. @anderson.leandro em

    Lamentável essa crônica... Como se o Antônio Oliveira fosse o culpado de o Corinthians, em 6 meses de gestão, conseguir a proeza de perder os 2 melhores goleiros do Brasil e um dos melhores zagueiros do país (Lucas Veríssimo),

    Sem contar, como se o A. Oliveira tivesse culpa de o Corinthians trazer um lateral esquerdo bichado, que só jogou 15 minutos em 6 meses, ou de trazer um centroavante que só jogou no Goiás, e que depois disso, foi expulso do Vasco e do México por não conseguir fazer gols.

    É o Antônio Oliveira o culpado pelo Timão ter como seu melhor centroavante um jogador que consegue fazer bizarrices como tropeçar no próprio pé, e cair sozinho, cair ao matar uma bola no peito, chutar a bola na lua quando está na cara do gol, ou cabecear de coco.

    Antônio Oliveira é o culpado por ter o renegado Gustavo Henrique na zaga, pq esse cidadão não firmou no Flamengo, muito menos na Espanha...

    É dele a culpa pelo Fagner não conseguir mais sair do DM, do Matheuzinho ter sido contratado por quantia milionária, de só ter o Raniele como volante.. Do Cacá ser o artilheiro dos gols contras, e ainda assim ter mais gols que o Pedro Raul...

    É do A. Oliveira a culpa por contratar um diretor executivo, mas passar por cima das ordens dele. Pra que um diretor executivo, se ele não pode implementarmentar seu planejamento (Fabinho Soldado era contra a demissão do A. Oliveira, segundo o Samir Carvalho).

    Aaaaaaa... E não se esqueçam... é do A. Oliveira a culpa de conseguir perder nesse curto período o maior patrocínio master do Corinthians?

    Não, não é.

    Por isso, minha opinião, infelizmente, é contrária a maioria de Corinthianos... O Antônio Oliveira não deveria ser demitido... Ele é vítima dessa diretoria amadora e irresponsável, que agora tem como primeira opção contratar Fábio Carille... é mole?

    Mais uma lambança anunciada, tal qual Pedro Raul, Gustavo Henrique, Hugo, Matheuzinho...

    Ou vocês se esqueceram da limitação de ideias do Carille nas 2 últimas passagens pelo Timão?

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    Rodrigo 21835 comentários

    34º. @rodrigo.dias28 em

    Também não concordo com a demissão

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    Luiz 80079 comentários

    33º. @luiz.fernando.balest em

    Nem podemos pensar assim, mas que o time é ruim não temos dúvidas!