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Entre Augusto no caixote e António na coletiva, eu escolho a cautela
Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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Entre Augusto no caixote e António na coletiva, eu escolho a cautela

Coluna da Beatriz Maineti

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Entre Augusto no caixote e António na coletiva, eu escolho a cautela

Augusto Melo durante partida do Corinthians em Itaquera

Foto: Jhony Inacio / Meu Timão

Há exatamente uma semana, Augusto Melo protagonizou mais uma das cenas mais caricatas da sua gestão. Em frente ao Parque São Jorge, diante de centenas de membros da maior torcida organizada do Corinthians, o presidente eleito em 2023 subiu em um caixote e, apoiado - literalmente - em quem estava ao seu lado, respondeu aos questionamentos feitos pelos manifestantes.

Ali, Augusto falou sobre o anti-corinthianismo que vive dentro das alamedas do Parque São Jorge, responsabilizou os "traidores" sem nome do clube e disse que ele trabalha duro, dia e noite, sem manter contato direto com a família, para salvar a instituição. Ele fala em credibilidade, em crescimento interno, em devolver o Corinthians para a sua apaixonada torcida.

Quando questionado sobre a situação do time, Augusto gritou do alto do seu caixote: o time será reformado. Com centenas de membros de uma organizada conhecida pelo barulho que faz, o presidente pediu silêncio e, com acústica para falar, prometeu quatro jogadores novos com capacidade para assumirem a titularidade assim que entrarem no Parque São Jorge.

Pelo seu entusiasmo, o corinthiano entendeu que o clube já tinha negociações com jogadores que poderiam entrar em campo se chegassem na Neo Química Arena em dia de jogo. Só precisariam vestir as chuteiras, pegar a camisa com o número e seriam apresentados dentro do gramado mesmo, sem cerimônia.

Só que nem tudo é o que parece. Apenas cinco dias depois, António Oliveira sentou na mesa da sala de imprensa da Casa do Povo e disse que seria preciso "ajustar as expectativas em relação aos jogadores que eventualmente vão chegar". O treinador, que balança no cargo pelo momento do time, não disse que não vai vir ninguém, mas disse que não virão os grandes nomes prometidos até aqui e deixou muito claro: essas promessas também foram feitas a ele e descumpridas da mesma forma.

"Essa é uma situação que eventualmente as pessoas também têm de ter: ajustar as expectativas em relação aos jogadores que eventualmente vão chegar. Não vão chegar aqui o Neymar, Marquinhos ou o Paquetá. Não vamos ter aqui que eventualmente me prometeram e a janela vai ser uma situação completamente diferente, vamos ver as oportunidades de mercado que nos dão para podermos treinar uma equipe mais competitiva."

Independentemente de António continuar ou não no cargo de técnico do Corinthians, seu papel nesta entrevista foi feito. Era necessário colocar os dois pés no freio em relação às contratações e, mais do que isso, passar um panorama mais realista ao torcedor.

Afinal, ninguém que me lê neste momento está isolado das notícias que assolam o Corinthians. Consequentemente, ninguém acredita que o clube iria enriquecer de uma hora para a outra e conseguiria, de fato, trazer quatro jogadores para jogarem de titulares no time de António - ou de qualquer outro treinador.

A disparidade nas duas alegações, do presidente e do técnico, fortaleceu um desespero que já tomava conta de mim pela situação da equipe no Campeonato Brasileiro. Ao que tudo indica, existe apenas uma pessoa que não está total e completamente ciente da situação administrativa, financeira e futebolística do clube, e esta pessoa é justamente aquela que segura a caneta.

Portanto, entre absorver o que Augusto disse em cima do caixote e o que António falou na sala de imprensa, eu prefiro me manter abraçada na cautela. Os tempos são de vacas magerrimas e não existe uma solução milagrosa para os problemas que tomam conta do Sport Club Corinthians Paulista.

O iminente acordo pelos direitos de transmissão e um possível novo patrocínio master ajudam, assim como outras receitas que devem entrar, mas ainda é preciso recalcular o rumo a ser seguido. Por isso, sem caixotes e sem promessas absurdas. Respirar antes de agir é fundamental.

Veja mais em: Augusto Melo, António Oliveira e Mercado da bola.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Beatriz Maineti

Apaixonada pelo futebol, mas, antes de tudo, feita de Corinthians. O mundo em preto e branco é mais bonito.

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