Chicão relembra triste episódio que quase o tirou da final do Corinthians na Libertadores 2012
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Por Meu Timão
Corinthians e Boca Juniors voltam a se enfrentar pela Libertadores nesta terça-feira, às 21h30. Há dez anos, as equipes estiveram frente a frente pela final da competição e o zagueiro Chicão guarda diferentes memórias do período.
Em entrevista ao ESPN.com.br, Chicão revelou que quase não entrou em campo no confronto de ida da grande decisão. O zagueiro conta que uma perda familiar o fez cogitar retornar ao Brasil.
"Meu avô morreu quando eu estava chegando na Argentina, segunda-feira à noite. Recebi mais de 65 ligações me avisando e contei para poucas pessoas, como Tite, Edu Gaspar e o Alessandro. Não sabia se voltava ao Brasil e decidi ficar porque era o momento de dar esse presente para ele. Se voltasse, não conseguiria chegar a tempo para o velório e perderia o jogo. Fiz questão de estar no jogo para retribuir tudo o que ele fez por mim no começo de carreira", disse Chicão.
"Se você não está preparado emocionalmente, não joga. Dentro do jogo eu tentei o máximo possível esquecer tudo que tinha acontecido porque a responsabilidade era muito grande. Estava representando 35 milhões de torcedores, principalmente o meu avô", recordou.
O ex-jogador alvinegro contou que se blindou para poder ter condições de entrar em campo naquele 27 de junho de 2012. Para o atleta, entrar em campo e sair vitorioso seria como um presente para seu falecido avô.
"Por causa dessa situação eu me fechei e coloquei um fone para ouvir música. Era um ritual para ficar concentrado para o jogo. A única coisa que escutava era os torcedores argentinos cantando (risos). O Tite já tinha passado tudo na preleção antes no hotel e na Bombonera foram apenas alguns ajustes", pontuou.
Chicão lembra que o elenco do Corinthians estava completamente focado no duelo e não se intimidou com a torcida adversária. No jogo de ida, os alvinegros arrancaram um empate por 1 a 1, com gol já no final da partida.
"Vi um grupo muito relaxado tranquilo e consciente do que ia enfrentar. Chegamos bem maduros na final depois de passar pelo Vasco nas quartas de final e o Santos na semifinal. Construímos uma trajetória desde 2011", relembrou.
"A gente não estava preocupado com o adversário, mas com o nosso trabalho. A gente sabia que fazendo bem nosso trabalho, o resultado iria acontecer. Nunca tivemos medo do Boca, nós tínhamos respeito", afirmou o ex-zagueiro.
A motivação de Tite à equipe do Corinthians deu resultado. Ainda desconhecido, Romarinho entrou em campo e empatou o duelo com um gol de cavadinha, aos 40 minutos do segundo tempo. Chicão recorda o momento com carinho.
"Mérito também do Tite. Não sei o que deu na cabeça dele para colocar o Romarinho, que não tinha jogado um minuto sequer na Libertadores (risos). O menino foi iluminado e teve a felicidade de fazer o gol. Depois disso, a nossa torcida passou a cantar muito mais do que a deles. Foi um jogo muito equilibrado e jogamos, não teve retranca", contou Chicão.
"Falei para o Romarinho: 'Você não sabe o gol que fez. Não tem noção do que está acontecendo'. Acho que ele só tem noção agora ou vai ter quando parar de jogar", finalizou.
Depois do empate na Bombonera, o Corinthians decidiu o título da Libertadores 2012 em casa, no Pacaembu. Com dois gols de Emerson Sheik, a Fiel comemorou a primeira taça da competição de forma invicta.
Chicão defendeu o Corinthians por seis anos. O zagueiro chegou ao Timão em 2008 e permaneceu na equipe até 2013. No período, foram 247 jogos, 42 gols e sete títulos conquistados. Além da Libertadores, o ex-camisa 3 conquistou a Série B do Brasileirão, Copa do Brasil, dois Paulistas, um Brasileiro, uma Libertadores e um Mundial de Clubes. Hoje, aos 40 anos, Chicão mantém uma rádio chamada Rádio Chicão 03.