E o adversário?
Opinião de Jorge Freitas
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A euforia depois da vitória contra o Coritiba e a nona colocação no Campeonato Brasileiro é para fazer qualquer torcedor corinthiano um pouco mais de pé no chão chorar.
Nesta quarta-feira, último time sul-americano campeão mundial e dono da marca mais valiosa do continente precisou de um pênalti para vencer o time que mais perdeu em todo o Campeonato Brasileiro (13 derrotas em 20 jogos) e frequenta assiduamente a zona do rebaixamento.
Com três volantes e uma invenção na ponta-esquerda, o time de Vagner Mancini voltou a se encontrar com a vitória depois de quatro jogos sem vê-la, sendo um desses contra um time de Série B e dois jogos dentro de casa.
Tenho feito papel de chato quando se trata desse atual time, mas a realidade é que a grande maioria das análises dos comentaristas brasileiros parece desconsiderar a fragilidade de um adversário quando o time vence uma partida. Contra o Coritiba, o Timão fez um bom primeiro tempo, mas se demonstrou mais uma vez limitado, mesmo contra um adversário incapaz de exigir qualquer coisa de seus rivais mesmo dentro de casa. Nem a opção por Piton na ponta esquerda pode se mostrar acertada, tamanha a inoperância do alviverde paranaense.
É claro que Mancini melhorou a equipe, mas como jamais cansarei de dizer, o time treinado por Coelho era tão fraco, tão ruim, que a chegada de um treinador, mesmo com capacidade limitada, faria com que todos se empolgassem e começassem a sonhar mais alto. Infelizmente, é isso que tem acontecido.
Depois dos últimos resultados, está claro que o Corinthians atual é um time de meio de tabela, que pode buscar bons resultados contra a parte de baixo, como contra Athlético, Vasco e Coritiba, mas dificilmente alcançará mais que um ponto contra aqueles que disputam título ou vaga na Libertadores, como vimos contra Flamengo, Atlético-MG e Grêmio. Ganhamos do Inter, que já apresentada queda de rendimento em razão da maratona de três competições simultâneas.
Felizmente, mais distantes do rebaixamento e fora da Copa do Brasil, é possível manter esta caminhada a fim de se iniciar uma reformulação completa, especialmente na parte financeira, para que o clube jamais passe novamente por este aperto, como tem sido desde 2018.
É possível? É, mas em primeiro lugar é fundamental reconhecer que não temos time para brigar por vaga na Libertadores, pois em caso de não-classificação, o apoio será maior que a frustração. Além disso, é fundamental que paremos de relativizar as situações, pois o tamanho do Corinthians requer uma equipe que brigue entre os primeiros do continente, não que se acostume a ser 8º ou 9º do fraco Brasileirão.
Enfim, é necessário que se considere o adversário antes de comemorar uma vitória. Quando Coelho estreou, contra o Bahia em casa e venceu por 3 a 2, comentei exaustivamente que havíamos conseguido um resultado absolutamente normal contra um time sem qualquer padrão de jogo e com um novo treinador. Fui criticado, mas a sequência demonstrou a realidade e a fragilidade do Corinthians. Não queremos que a história se repita, por isso, é fundamental ter pés no chão.
Ganhamos de 1 a 0 do time que mais perdeu no campeonato e com um gol de pênalti. É bom? É, claro, pior seria se não tivesse ganho, mas é pouco, muito pouco para o tamanho do nosso clube e da nossa folha salarial. Hoje, temos mais raça e o ânimo dos jogadores é inegavelmente melhor (ponto positivo para Mancini), mas nossa forma de jogar ainda é de mediana para ruim, a transição da defesa para o ataque é bastante lenta, as triangulações quase que inexistem, o último passe sai mais errado que certo e os lançamentos ainda são usados de maneira bastante exagerada. Na verdade, o que nos faz parecer melhores é o baixo nível de nossos adversários.
Aliás, antes que eu me esqueça: Fábio Santos é ídolo demais!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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